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MÚSICAS PARA RELAXAR

quinta-feira, 21 de abril de 2011

PERSONALIDADES ESPÍRITAS



Eurípedes Barsanulfo




Nascido em 1º de maio de 1880, na pequena cidade de Sacramento, Estado de Minas Gerais, e desencarnado na mesmo cidade, aos 38 anos de idade, em 1o. de novembro de 1918.
Logo cedo manifestou- se nele profunda inteligência e senso de responsabilidade, acervo conquistado naturalmente nas experiências de vidas pretéritas.
Era ainda bem moço, porém muito estudioso e com tendências para o ensino, por isso foi incumbido pelo seu mestre- escola de ensinar aos próprios companheiros de aula. Respeitável representante político de sua comunidade, tornou- se secretário da Irmandade de São Vicente de Paula, tendo participado ativamente da fundação do jornal "Gazeta de Sacramento" e do "Liceu Sacramentano". Logo viu- se guindado à posição natural de líder, por sua segura orientação quanto aos verdadeiros valores da vida.
Através de informações prestadas por um dos seus tios, tomou conhecimento da existência dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação Kardequiana. Diante dos fatos voltou totalmente suas atividades para a nova Doutrina, pesquisando por todos os meios e maneiras, até desfazer totalmente suas dúvidas.
Despertado e convicto, converteu- se sem delongas e sem esmorecimentos, identificando-se plenamente com os novos ideais, numa atitude sincera e própria de sua personalidade, procurou o vigário da Igreja matriz onde prestava sua colaboração, colocando à disposição do mesmo o cargo de secretário da Irmandade.
Repercutiu estrondosamente tal acontecimento entre os habitantes da cidade e entre membros de sua própria família. Em poucos dias começou a sofrer as conseqüências de sua atitude incompreendida.
Persistiu lecionando e entre as matérias incluiu o ensino do Espiritismo, provocando reação em muitas pessoas da cidade, sendo procurado pelos pais dos alunos, que chegaram a oferecer- lhe dinheiro para que voltasse atrás quanto à nova matéria e, ante sua recusa, os alunos foram retirados um a um.
Sob pressões de toda ordem e impiedosas perseguições, Eurípedes sofreu forte traumatismo, retirando- se para tratamento e recuperação em uma cidade vizinha, época em que nele desabrocharam várias faculdades mediúnicas, em especial a de cura, despertando- o para a vida missionária. Um dos primeiros casos de cura ocorreu justamente com sua própria mãe que, restabelecida, se tornou valiosa assessora em seus trabalhos.
A produção de vários fenômenos fez com que fossem atraídas para Sacramento centenas de pessoas de outras paragens, abrigando- se nos hotéis e pensões, e até mesmo em casas de famílias, pois a todos Barsanulfo atendia e ninguém saía sem algum proveito, no mínimo o lenitivo da fé e a esperança renovada e, quando merecido, o benefício da cura, através de bondosos Benfeitores Espirituais.
Auxiliava a todos, sem distinção de classe, credo ou cor e, onde se fizesse necessária a sua presença, lá estava ele, houvesse ou não condições materiais.
Jamais esmorecia e, humildemente, seguia seu caminho cheio de percalços, porém animado do mais vivo idealismo. Logo sentiu a necessidade de divulgar o Espiritismo, aumentando o número dos seus seguidores. Para isso fundou o "Grupo Espírita Esperança e Caridade", no ano de 1905, tarefa na qual foi apoiado pelos seus irmãos e alguns amigos, passando a desenvolver trabalhos interessantes, tanto no campo doutrinário, como nas atividades de assistência social.
Certa ocasião caiu em transe em meio dos alunos, no decorrer de uma aula. Voltando a si, descreveu a reunião havida em Versailles, França, logo após a I Guerra Mundial, dando os nomes dos participantes e a hora exata da reunião quando foi assinado o célebre tratado.
Em 1o. de abril de 1907, fundou o Colégio Allan Kardec, que se tornou verdadeiro marco no campo do ensino. Esse instituto de ensino passou a ser conhecido em todo o Brasil, tendo funcionado ininterruptamente desde a sua inauguração, com a média de 100 a 200 alunos, até o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a cerrar suas portas por algum tempo, devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso país.
Seu trabalho ficou tão conhecido que, ao abrirem- se as inscrições para matrículas, as mesmas se encerravam no mesmo dia, tal a procura de alunos, obrigando um colégio da mesma região, dirigido por freiras da Ordem de S. Francisco, a encerrar suas atividades por falta de freqüentadores.
Liderado a pulso forte, com diretriz segura, robustecia- se o movimento espírita na região e esse fato incomodava sobremaneira o clero católico, passando este, inicialmente de forma velada e logo após, declaradamente, a desenvolver uma campanha difamatória envolvendo o digno missionário e a doutrina de libertação, que foi galhardamente defendida por Eurípedes, através das colunas do jornal "Alavanca", discorrendo principalmente sobre o tema: "Deus não é Jesus e Jesus não é Deus", com argumentação abalizada e incontestável, determinando fragorosa derrota dos seus opositores que, diante de um gigante que não conhecia esmorecimento na luta, mandaram vir de Campinas, Estado de S. Paulo, o reverendo Feliciano Yague, famoso por suas pregações e conhecimentos, convencidos de que com suas argumentações e convicções infringiriam o golpe derradeiro no Espiritismo.
Foi assim que o referido padre desafiou Eurípedes para uma polêmica em praça pública, aceita e combinada em termos que foi respeitada pelo conhecido apóstolo do bem.
No dia marcado o padre iniciou suas observações, insultando o Espiritismo e os espíritas, "doutrina do demônio e seus adeptos, loucos passíveis das penas eternas", numa demonstração de falso zelo religioso, dando assim testemunho público do ódio, mostrando sua alma repleta de intolerância e de sectarismo.
A multidão que se mantinha respeitosa e confiante na réplica do defensor do Espiritismo, antevia a derrota dos ofensores, pela própria fragilidade dos seus argumentos vazios e inconsistentes.
O missionário sublime, aguardou serenamente sua oportunidade, iniciando sua parte com uma prece sincera, humilde e bela, implorando paz e tranqüilidade para uns e luz para outros, tornando o ambiente propício para inspiração e assistência do plano maior e em seguida iniciou a defesa dos princípios nos quais se alicerçavam seus ensinamentos.
Com delicadeza, com lógica, dando vazão à sua inteligência, descortinou os desvirtuamentos doutrinários apregoados pelo Reverendo, reduzindo- o à insignificância dos seus parcos conhecimentos, corroborado pela manifestação alegre e ruidosa da multidão que desde o princípio confiou naquele que facilmente demonstrava a lógica dos ensinos apregoados pelo Espiritismo.
Ao terminar a famosa polêmica e reconhecendo o estado de alma do Reverendo, Eurípedes aproximou- se dele e abraçou- o fraterna e sinceramente, como sinceros eram seus pensamentos e suas atitudes.
Barsanulfo seguiu com dedicação as máximas de Jesus Cristo até o último instante de sua vida terrena, por ocasião da pavorosa epidemia de gripe que assolou o mundo em 1918, ceifando vidas, espalhando lágrimas e aflição, redobrando o trabalho do grande missionário, que a previra muito antes de invadir o continente americano, sempre falando na gravidade da situação que ela acarretaria.
Manifestada em nosso continente, veio encontrá-lo à cabeceira de seus enfermos, auxiliando centenas de famílias pobres. Havia chegado ao término de sua missão terrena. Esgotado pelo esforço despendido, desencarnou no dia 1o. de novembro de 1918, às 18 horas, rodeado de parentes, amigos e discípulos.
Sacramento em peso, em verdadeira romaria, acompanhou- lhe o corpo material até a sepultura, sentindo que ele ressurgia para uma vida mais elevada e mais sublime.

EVANGELHO NO LAR

"Organizemos nosso agrupamento doméstico do Evangelho.
O Lar é o coração do organismo social.
Em casa, começa nossa missão no mundo"
Scheilla
"Porque onde estiverem reunidos em meu nome, lá estarei presente." Jesus. (MATEUS, 18:20.)


O QUE É O EVANGELHO LAR

O Estudo do Evangelho no Lar é uma reunião em família, num determinado dia e hora da semana, para uma troca de idéias sobre os ensinamentos cristãos, em proveito do nosso próprio esclarecimento e do equilíbrio no lar.

Não é nenhuma invenção do Espiritismo, mas uma prática ensinada pelo próprio Mestre Jesus, que se reunia com os apóstolos e seguidores na casa de Pedro, em Cafarnaum, noutras aldeias e no próprio Tiberíades, em torno dos sagrados escritos.

Conhecido também como Culto Cristão do Lar, o estudo do Evangelho é, ao mesmo tempo, um encontro fraternal do qual participam os espíritos familiares e demais interessados no progresso moral do grupo. Outros aproveitam para se esclarecer, também como nós.

É uma prática cristã que a Doutrina Espírita recomenda como recurso poderoso contra a obssessão, de grande alcance na limpeza e higiene espiritual do lar. É um canal de comunicação com Jesus e sintonia com os bons espíritos.

É uma das formas mais saudáveis de fraternidade, que começa na família através do diálogo sincero e do exercício da caridade. Cada lição do Evangelho é um roteiro de luz e de bençãos para o grupo familiar e para toda a área em que esteja instalado o lar que o pratique.

POR QUE FAZER O EVANGELHO NO LAR?

O Estudo do Evangelho no Lar abre as portas da nossa casa aos benefícios espirituais, da mesma forma que desentendimentos, brigas e xingamentos favorecem o assalto das sombras (Richard Simonetti). Atrai os bons e afasta ou esclarece os maus espíritos.

Conduz-nos a uma compreensão racional dos ensinamentos do Cristo, levando-nos ao esclarecimento e à aceitação de tê-los como roteiro seguro para nossas vidas. Ajuda-nos a superar as dificuldades no lar e fora dele, acendendo-nos a luz da compreensão e da paciência.

Modifica o padrão vibratório dos nossos pensamentos e sentimentos, desanuviando as nossa mentes congestionadas das criações inferiores, agentes da enfermidade e dos desequilíbrios. Com Jesus no Lar, pelo estudo e vivência do Evangelho, tem-se a verdadeira paz.

Com o Evangelho no Lar formamos as defesas magnéticas da nossa casa, impregnando o ambiente espiritual das energias positivas que desestimulam toda ação maléfica. É uma verdadeira segurança espiritual que passa a funcionar em benefício de todo o grupo.

Além da ajuda que essa prática proporciona no programa espiritual de todo o grupo familiar, estende a caridade aos vizinhos e a quantos se sintam também estimulados a mudar com o nosso exemplo Quantos espíritos igualmente se beneficiam com essa fonte de luz!

COMO FAZER DO EVANGELHO NO LAR?

Escolha um dia e uma hora da semana em que seja possível a presença de todos os membros da família ou da maior parte deles. Observar rigorosamente esse dia e horário para facilitar a assistência espiritual e consolidar o hábito da reunião.

Inciar a reunião com uma prece simples e espontânea num local da casa menos exposto às perturbações exteriores, em seguida, fazer a leitura de um trecho de "O Evangelho Segundo o Espiritsmo", aberto ao acaso ou previamente programado para estudo em sequência.

Fazer comentários breves sobre o trecho lido, trocando opiniões com o grupo quanto à aplicação dos ensinamentos na vida diária, evitando discussões, críticas e julgamento de membros do grupo ou de conhecidos em função da mensagem evangéilica.

A reunião deve ser dirigida por um membro da família ou pela pessoa que tiver mais conhecimento doutrinário, que deverá estimular a participação de todos e conduzir as explicações ao nível do entendimento prático dos presentes. Pode-se fazer outras leituras afins.

A duração deve ser de até 30 minutos, no máximo, incluindo a prece de encerramento, em que se agradecerá a assitência espiritual, lembrando a próxima reunião.

OBSERVAÇÕES, CUIDADOS E SUGESTÕES

OBSERVAÇÕES

O Dia da semana e o horário mais adequados a todos os participantes devem ser escolhidos livremente.

O tempo de duração é flexível.

CUIDADOS

Uma vez escolhidos, o dia da semana e o horário de realização do Evangelho no Lar devem ser respeitados. Assiduidade e pontualidade são importantes para o bom contato com o Plano Espiritual.

Não transferir ou suspender a reunião em virtude de visita inesperada, hóspedes (podendo-se convidá-los a participar da reunião), compromissos de última hora, etc....

Não transformar a reunião em trabalho mediúnico.

Tomar todo o cuidado para não criar polêmicas, acusações ou desvio para outros assuntos.

SUGESTÕES

Pode-se colocar água para ser fluidificada pelos Espíritos presentes, no transcorrer da reunião. Música suave pode contribuir para melhor ambientação, auxiliando as vibrações e preces.

Quando houver crianças, é recomendável que se escolham livros apropriados com "Jesus no Lar", "Alvorada Cristã", "O Evangelho da Meninada", "Cartilha do Bem", "Histórias que Jesus Contou", "Os Meus Deveres" dentre outros.

Podem ser feitas leituras complementares alternativas (jornais, revistas, atualidades) que ofereçam conteúdo adequado à reflexão, conforme os objetivos do Evangelho no Lar.

BIBLIOGRAFIA DE APOIO

"Organizemos o nosso agrupamento doméstico do Evangelho.
O Lar é o organismo social. Em casa, começa nossa missão no mundo."
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Luz no Lar. Ditado pelo Espírito Scheilla.
Bibliografia de apoio para o Evangelho No Lar:

O Evangelho Segundo O Espiritismo,de Kardec;
Fonta Viva, de Emmanuel;
Palavras de Vida Eterna, de Emmanuel;
Estude e Viva, de Emmanuel e André Luiz;
"Porque onde estiverem reunidos em meu nome, lá estarei presente." Jesus. (MATEUS, 18:20.)
"Organizemos o nosso agrupamento doméstico do Evangelho. O Lar é o coração do organismo social. Em casa, começa nossa missão no mundo Entre as paredes do templo familiar, preparamo-nos para a vida com todos. Seremos, lá fora, no grande campo da experiência pública, o prosseguimento daquilo que já somos na intimidade de nós mesmos. Fujamos à frustração espiritual e busquemos no relicário doméstico o sublime cultivo dos nossos ideaiscom Jesus. O Evangelho foi iniciado na Manjedoura e demorou-se na casa humilde e operosa de Nazaré, antes de espraiar-se pelo mundo. Sustentemos em casa a chama de nossa esperança, estudando a Revelação Divina, praticando a fraternidade e crescendo em amor e sabedoria, porque, segundo a promessa do Evangelho Redentor, "onde estiverem dois ou três corações em Seu Nome", aí estará Jesus, amparando-nos para a ascensão à Luz Celestial, hoje, amanhã e sempre." Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Luz no Lar. Ditado pelo Espírito Scheilla.

CULTO CRISTÃO NO LAR


O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação.
A Boa-Nova seguiu da Manjedoura para a praças públicas e avançou da casa humilde de Simão Pedro para a glorificação no Pentecostes.
A palavra do Senhor soou, primeiramente, sob o teto simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio, antes de tudo, no círculo dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais devemos atender às obrigações que nos competem no tempo.
Quando o ensinamento do Mestre vibre entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum.
A observação impensada é ouvida sem revolta.
A calúnia é isolada no algodão do silêncio.
A enfermidade é recebida com calma.
O erro alheio encontra compaixão.
A maldade não encontra brechas para insinuar-se.
E aí, dentro desse paraíso que alguns já estão edificando, a benefício deles e dos outros, o estímulo é um cântico de solidariedade incessante, a bondade é uma fonte inexaurível de paz e entendimento, a gentileza é inspiração de todas as horas, o sorriso é a sombra de cada um e a palavra permanece revestida de luz, vinculada ao amor que o Amigo Celeste nos legou.
Somente depois da experiência evangélica do lar, o coração está realmente habitado para distribuir o pão divino da Boa-Nova, junto da multidão, embora devamos o esclarecimento amigo e o conselho santificante aos companheiros da romagem humana, em todas as circunstâncias.
Não olvidemos, assim, os impositivos da aplicação com o Cristo, no santuário familiar, onde nos cabe o exemplo de paciência, compreensão, fraternidade, serviço, fé e bom ânimo, sob o reinado legítimo do amor, porque, estudando a Palavra do Céu em quatro Evangelhos, que constituem o Testamento da Luz, somos, cada um de nós, o quinto Evangelho inacabado, mas vivo e atuante, que estamos escrevendo com os próprios testemunhos, a fim de que a nossa vida seja uma revelação de Jesus, aberta ao olhar e à apreciação de todos, sem necessidade de utilizarmos muitas palavras na advertência ou na pregação.


Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Luz no Lar. Por diversos Espíritos. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. Cap. 1, p. 11-12.

O PAI NOSSO



Texto adaptado de     
SEVERINO CELESTINO DA SILVA

O principal sentido da oração deve ser a de evidenciar a nossa humildade perante a grandeza de Deus.
Temos o costume de realizar  nossas orações com a finalidade precípua de pedir sempre alguma coisa a Deus.
É comum realizarmos as nossas orações solicitando a Deus alguma benesse pessoal.
O Sidur, livro de orações judaicas, classifica a oração em quatro tipos, sendo a oração de pedidos  apenas um desses quatro tipos existentes.
As demais são as orações de agradecimento, louvor a Deus e as preces de introspecção e confissão.
Na verdade, o verbo hebraico rezar – lehitpalel- não significa “rogar” ou “suplicar” a Deus, como muitos imaginam.
Ele provém de um radical hebraico  palel que significa “julgar”; portanto  lehitpalel -- rezar pode ser traduzido também como julgar a si mesmo.
Não devemos esquecer que Jesus , na sua condição de judeu, nos ensina no Sermão do Monte  (Evangelho de Mateus em seu capítulo 6, versículos 9 – 13) como deve ser realizada a nossa oração.

Apresentaremos aqui o  Pai Nosso traduzido diretamente do texto hebraico em  comparação com as traduções dos textos gregos e do latinos, utilizadas no Cristianismo oficial:



Pai nosso dos Céus, Santo é Teu nome,
Venha o Teu reino, Tua vontade se faz na terra,
como também nos Céus.
Dá-nos hoje nossa parte de pão.
Perdoa as nossas culpas, quando tivermos perdoado
a culpa dos nossos devedores.
Não nos deixes entregues a provação,
porque assim nos resgatas do mal.
Amen

A pronúncia hebraica é assim:

Avinu shebashamaim
itkadash shemechá
tavô malekutechá
ie'assé rtsonechá baárets kaasher naassá bashamaim
ten-lanu haiom léchem chuknu
uslách-lanu et-ashmatenu
caasher solchim anachnu laasher ashmu lanu
veal-tevienu lidei massá
ki im-hatsilenu min-hará'
amén

Jesus ensina como, humildemente, devemos nos dirigir a Deus.
Observe que Ele não diz Meu Pai, mas Pai Nosso.
Pai Nosso significa Pai de todos.
Estamos no mesmo nível de necessidades. Falamos como se estivéssemos pedindo para todos e não apenas para mim.

PAI NOSSO DOS CÉUS

e não pai nosso que estás nos céus, como se tem dito até hoje. Deus está
em toda parte, Ele é Senhor de tudo, dos Céus e também da Terra - e não de uma região geográfica restrita, circunscrita, limitada e determinada. Pode ser dito também Pai Nosso que és dos Céus mas nunca,  que estás nos Céus.

SANTO É TEU NOME

ou Santo será Teu nome e não santificado seja o vosso nome. Deus já é santo independente de que desejemos ou não, que ELE seja.
Na frase, o verbo hebraico – kidesh – Santificar, Consagrar, colocado no incompleto ou futuro, nos transporta para o sentido de que Deus será Santo, Será consagrado.
No entanto, como para Deus não existe passado, presente ou futuro, ficamos com a tradução, Santo é Teu Nome.
A Expressão – Itkadash shemechá – Santo é o Teu Grande Nome está no Kadish, que é a oração recitada pelos Judeus enlutados e  consta do Sidur, o livro de orações judaicas.



VENHA O TEU REINO

e não  venha a nós o vosso reino.
A preposição hebraica refere-se à segunda pessoa do singular (tu)   malecutechá-teu reino.
O Verbo Bá=Vir está colocado no texto hebraico, no incompleto ou futuro tavô.
No entanto, ele substitui o Bô que é a primeira pessoa do imperativo relativo tsivui, que exprime o desejo da Tua vinda: VENHA! Portanto, Venha o teu reino, indistintamente para todos os seres do planeta.
Aqui, ensina-nos Jesus que o Reino Divino vem indistintamente para os animais, plantas, aves, peixes, os seres vivos como um todo e não apenas para NÓS, os humanos.

TUA VONTADE SE FARÁ NA TERRA COMO TAMBÉM NOS CÉUS

e não  seja feita a vossa vontade assim na terra como nos céus.
A vontade d`Ele é suprema e irreversível. Independente do nosso consentimento, Ela se fará.
O que Deus determinou, desde a criação do mundo, continuará inalterável. Aqueles que, por ventura, se desviarem da harmonia colocada por Ele no universo, colherão este desvio nas proporções que o provocaram.

DÁ-NOS HOJE NOSSA PARTE DE PÃO

e não  o pão nosso de cada dia nos dai-nos hoje.
Assim parece que estamos pedindo o pão de todos os dias, para hoje.
Só Deus sabe do que precisamos e também quando devemos e merecemos  receber.
O texto hebraico fala “lechém chuknu”- parte de pão.
Portanto, devemos pedir humildemente  só uma parte do que merecemos, ou daquela que Deus decidiu nos dar.

PERDOA AS NOSSAS CULPAS QUANDO PERDOARMOS AS CULPAS DOS NOSSOS DEVEDORES

e não,  perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 
Aqui está condicionado que o nosso perdão vem como conseqüência natural do perdão prévio que nós já realizamos.
É a Lei de causa e efeito.
É a colheita natural da nossa semeadura.
Deus não premia e não pune – cada um colhe exatamente o que plantou.
Temos ainda a certeza de que, ao atingirmos a perfeição, no reino da plenitude evolutiva, ninguém deve nada a ninguém.
Todos estão em pleno estado de harmonia pela evolução atingida e nenhuma dívida a mais nos será cobrada.



NÃO NOS DEIXES ENTREGUES À PROVAÇÃO

diferente de não nos deixeis cair em tentação como se tem traduzido até hoje.
A expressão hebraica  lidei massá significa  para as mãos da provação.
A palavra hebraica que está aplicada no texto é massá.
E massá significa  prova, provação e não tentação.
É a mesma palavra que se encontra em Gênesis 22:1, onde Iahvéh põe à prova Abraão.
Ele não tenta Abraão ao lhe propor o sacrifício do seu filho Isaac. Iahvéh põe à prova o povo de Israel e não o tenta. 
Passar por provações não é fácil, porisso Jesus nos ensina a solicitar de Deus toda assistência possível, frente a elas, pedindo que Ele não nos abandone nas horas da provação, ou seja, não nos deixe entregue à nossa própria sorte.

PORQUE ASSIM NOS RESGATAS DO MAL

se tivermos a assistência de Deus , através da nossa conexão com Ele durante as provações, com certeza resgataremos todo o mal.
A expressão hatsilenu min-hará” significa nos resgatará do mal ou nos libertará do mal.
AMEN

Palavra hebraica que exprime o desejo de que se cumpra o nosso pedido. Que assim aconteça segundo o nosso pedido.
Que assim seja.

Primórdios do Movimento Espírita no Brasil


Juvanir Borges de Souza
Palestra proferida na Conferência Espírita Brasil-Portugal,
realizada em Salvador (BA), de 16 a 19 de março de 2000.
I
A história do Espiritismo no Brasil é muito rica de fatos, de personagens e de realizações. Um vasto documentário esparso está à espera de quem o reúna e aprecie, com sensibilidade e conhecimento.
Ao contrário do que ocorreu nos países da Europa, nos quais os movimentos oriundos da Nova Revelação cresceram rapidamente, nas primeiras décadas que se seguiram aos trabalhos da Codificação, para depois estacionarem ou fenecerem, o Movimento Espírita no Brasil cresceu continuamente, apesar das muitas vicissitudes que teve de enfrentar.
II
É interessante observar que, antes do advento do Espiritismo, com a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”, em Paris, em 1857, já existiam idéias irradiadas a partir de 1847-1848, nos Estados Unidos, com os fenômenos de Hydesville.
III
Os primeiros experimentadores da mediunidade, no Brasil, saíram dos cultores da homeopatia, com os médicos Bento Mure, francês, aqui chegados em 1840, que aplicavam passes em seus clientes e falavam em Deus, Cristo e Caridade, quando curavam.
José Bonifácio, o patriarca da Independência, cultor da homeopatia, é também dos primeiros experimentadores do fenômeno espírita.
Em 1844, o Marquês de Marica publicou um livro com os primeiros ensinamentos de fundo espírita divulgados no Brasil (Reformador de 1944, p. 207).
IV
Entretanto, o grupo mais antigo que se constituíra no Rio de Janeiro, para cultivar o fenômeno espírita, foi o de Melo Morais, homeopata e historiados, por volta de 1853, conforme registrado em Reformador de 1o. de Maio de 1883.
Freqüentavam esse grupo o Marquês de Olinda, o Visconde de Uberaba e outros vultos do Império.
Os fenômenos das mesas girantes são noticiados pela primeira vez no Brasil em 1853, pelo jornal O Cearense.
V
Assim, quando “O Livro dos Espíritos”, em sua edição original francesa, chegou ao Brasil, encontrou meio favorável ao seu entendimento e divulgação, especialmente na elite social da Capital do Império.
VI
Em 1860 surgiram os dois primeiros livros espíritas em português: “Os tempos são chegados” do professor Casimir Lieutaud, francês radicado no Rio de Janeiro, e “O Espiritismo na sua expressão mais simples”, tradução do professor Alexandre Canu, cujo nome só aparece na terceira edição, em 1862.
VII
Em 1863 o Espiritismo já era comentado com seriedade.
O Jornal do Commercio, o maior órgão da imprensa da Capital do Império de então, publicava em 23 de setembro, artigo favorável à nova Doutrina.
No ano de 1865, surge a primeira contestação de espíritas a comentários desfavoráveis ao Espiritismo, O Diário da Bahia, de Salvador, transcrevera artigo extraído da Gazette Médicale. Esse artigo, desfavorável e mordaz, assinado pelo Dr. Déchambre, foi contestado pelos Drs. Luís Olímpio Teles de Menezes, José Álvares do Amaral e Joaquim Carneiro de Campos, em réplica publicada em 28 de setembro de 1865, artigo que mereceu comentários favoráveis de Allan Kardec na Revue Spirite (vol. 8, pág. 334).
VIII
Os primeiros centros espíritas nos moldes preconizados por Kardec surgem na Bahia (Grupo Familiar do Espiritismo), no Rio de Janeiro e em outros Estados, a partir de 1865.
IX
Em 1869 é editado em Salvador O Eco d’Além-Túmulo, “Monitor do Espiritismo no Brasil”, sob a direção de L. O. Teles de Menezes, que teve efêmera duração.
X
Em novembro de 1873 funda-se em Salvador, Bahia, a Associação Espírita Brasileira, continuação do Grupo Familiar de Espiritismo.
Alguns membros dessa Associação fundaram, em 1874, em Salvador, o Grupo Santa Teresa de Jesus.
XI
A 2 de agosto de 1873 é fundada a Sociedade Grupo Confúcio, primeira entidade jurídica do Espiritismo no Brasil, com estatutos impressos, amplamente noticiada na imprensa nacional e estrangeira.
Nomes como os dos Drs. Siqueira Dias, Silva Neto, Joaquim Carlos Travassos, Casimir Lieutaud, Bittencourt Sampaio fizeram parte dessa sociedade, cuja divisa era “Sem caridade não há salvação”.
A esse Grupo, de curta existência de menos três anos, deve o Espiritismo no Brasil: a primeira tradução das obras de Kardec, por Joaquim Carlos Travassos (Fortúnio); a primeira assistência gratuita homeopática; a primeira revelação do Espírito Guia do Brasil – o Anjo Ismael.
XII
Vale a pena rememorar, para a edificação das novas gerações, as previsões de Ismael, em rara e eloqüente mensagem de transcendente significação no Grupo Confúcio, eis que ela resume a orientação espiritual no que diz respeito à missão do Brasil:
“O Brasil tem a missão de cristianizar. É a Terra da Promissão. A Terra de todos. A Terra da fraternidade. A Terra de Jesus. A Terra do Evangelho...
Na Era Nova e próxima, abrigará um povo diferente pelos costumes cristãos. Cumpre ao que ouve os arautos do Espaço, que convocam os homens de boa-vontade para o preparo da Nova Era, reconhecer em Jesus o chefe espiritual. Com o Evangelho explicado à luz do Espiritismo, a moral de Jesus, semeada pelos jesuítas e alimentada pelos católicos, atingirá a sua finalidade, que é rejuvenescer os homens velhos, que aqui nascerão ou para aqui virão de todos os pontos do Globo, cansados de lutas fatricidas e sedentos de confraternidade. A missão dos espíritas no Brasil é divulgar o Evangelho em espírito e verdade. Os que quiserem cumprir o dever, a que se obrigaram antes de nascer, deverão, pois, reunir-se debaixo deste pálio trinitário: Deus, Cristo e Caridade.
Onde estiver esta bandeira, aí estarei eu, Ismael.”
XIII
Ao Grupo Confúcio seguiu-se a Sociedade Espírita “Deus, Cristo e Caridade”, fundada em março de 1876, com programação francamente evangélica cumprida até 1879.
Mas, cindida a Sociedade, passou a denominar-se Sociedade Acadêmica, em processo de seleção natural e de acordo com as inclinações dos elementos humanos. Uma ala da entidade, tendo à frente Bittencourt Sampaio, Antônio Luiz Sayão e Frederico Junior, destacou-se para fundar a “Sociedade Espírita Fraternidade”, em 1880.
A “Fraternidade” subsistiu com a orientação evangélica até transformar-se em “Sociedade Psicológica”, desaparecendo em 1893.
Observe-se a definição de rumos, com a preocupação de alguns adeptos desavisados, suprimindo o qualificativo “Espírita” e substituindo-o por “Acadêmica” e “Psicológica” nas duas Sociedades.
Em 6 de agosto de 1880 era criada, em Campos, Estado do Rio de Janeiro, a Sociedade Campista de Estudos Espíritas.
XIV
É criado em janeiro de 1881, na cidade de Areias, São Paulo, o Grupo Espírita Areense, que lançou, no mesmo ano, o jornal União e Crença.
É no ano de 1881 que o Espiritismo é perseguido pela polícia, pela primeira vez, sendo proibidas as sessões da “Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade”, a Sociedade de maior prestígio à época.
XV
Em 6 de setembro de 1881, instalou-se, no Rio de Janeiro, o primeiro Congresso Espírita do Brasil, do qual resultou o Centro da União Espírita do Brasil, dentro da Sociedade Acadêmica.
XVI
Ainda em 1881, a 21 de novembro, instalou-se no Rio de Janeiro a “Associação Amor e Caridade”; em março de 1882, a “Sociedade Espírita Allan Kardec” e em setembro de 1882 o “Grupo Espírita Santo Antonio de Pádua”.
XVII
Augusto Elias da Silva, fotógrafo português radicado no Rio de Janeiro, observando as difíceis condições para se fazer a defesa do Espiritismo pela imprensa, contra os ataques impiedosos e insultuosos do Catolicismo, a religião oficial do Estado, funda, em 21 de janeiro de 1883, o jornal Reformador.
Esse órgão, que recebeu o apoio de espíritas militantes de grande prestígio na época, como Bezerra de Menezes e o Major Francisco Raimundo Ewerton Quadros, procedeu à análise serena e segura de uma Pastoral católica que pregava o ódio aos espíritas.
Por essa época já existia várias Sociedades Espíritas na Capital do Império e em algumas províncias.
XVIII
Em 2 de janeiro de 1884 é fundada a Federação Espírita Brasileira. A iniciativa coube a Augusto Elias da Silva, que recebeu o apoio de Ewerton Quadros, Xavier Pinheiro, Fernandes Figueira, Silveira Pinto e outros.
Instalada a novel Sociedade, com a eleição da primeira diretoria, uma das primeiras resoluções foi a incorporação do órgão Reformador à nova Sociedade.
É interessante frisar que, apesar de sua denominação – Federação – não contava a instituição com nenhuma filiação de qualquer outra entidade, inicialmente.
Torna-se, pois, evidente, que os objetivos da Sociedade, no campo federativo, projetava-se no futuro, sendo seus fundadores os instrumentos de uma planificação maior da Espiritualidade.
XIX
Ainda em 1883, surge em Campos (no atual Estado do Rio de Janeiro), em fevereiro, a “Sociedade Espírita Concórdia” e em outubro do mesmo ano, em Macaé, a “Sociedade Espírita Luz Macaense”.
O “Grupo Ismael” (Grupo de Estudos Evangélicos do Anjo Ismael), célula de ligação entre os trabalhadores dos dois planos da vida, funciona desde 15 de julho de 1880, fundado por Antônio Luiz Sayão e Bittencourt Sampaio. Dele fizeram parte Bezerra de Menezes, Frederico Junior, Domingos Filgueiras, Pedro Richard, Albano do Couto e muitos outros companheiros provindos de diversos núcleos.
  Acedendo Bezerra de Menezes em aceitar a presidência da Federação em 1895, o “Grupo Ismael” acompanhou o apóstolo do Espiritismo no Brasil, apoiou-o na direção da Casa e integrou-se nela, até os dias atuais.
XX
Alguns grupos espíritas da Capital aderiram à Federação, a partir de 1885, como o “Grupo Espírita Menezes” (Reformador de 15-2-1885) e elementos prestigiosos na sociedade fluminense: o Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz, homeopata, o Dr. Castro Lopes, filólogo e escritor, e vários outros.
XXI
Mas o fato de maior significação nos arraiais espiritistas foi, sem dúvida, a adesão ao Espiritismo do eminente político, médico e católico, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, perante um auditório de 2.000 pessoas, no salão de honra da Guarda Velha, no dia 16 de agosto de 1886.
A impressa registrou o acontecimento, o telégrafo levou a notícia às Províncias, a Federação recebeu muitas adesões e os círculos católicos agitaram-se.
De novembro de 1886 a dezembro de 1893, Bezerra escreveu ininterruptamente, aos domingos, sob o pseudônimo de Max, os célebres artigos sobre o Espiritismo, no jornal O Paiz, o mais lido no Brasil, na época.
Ao mesmo tempo que escrevia, Bezerra pregava a união dos espíritas e concitava os confrades à harmonia e à fraternidade.
É, por isso, considerado o campeão da unificação do Movimento Espírita, com base na união e na tolerância entre os espíritas.
XXII
Em meados de fevereiro de 1889, previamente anunciado pela Espiritualidade, o Espírito Allan Kardec viria “fazer uma análise da marcha da doutrina no Rio de Janeiro, dirigindo-se a todos os espíritas”.
Através do notável médium Frederico Junior, da Sociedade Fraternidade, Kardec ofereceu as conhecidas “Instruções” para o Movimento Espírita de então.
XXIII
Bezerra de Menezes vê na Federação, nos anos de 1888-89, então sob sua presidência, a organização ideal onde se poderia unificar o Movimento Espírita. Por isso nela instalou, em 1889, o Centro da União Espírita do Brasil, com a aprovação dos grupos espíritas então existentes no Rio de Janeiro.
Mas a união dos espíritas não foi conseguida, apesar dos esforços de Bezerra e do apelo do Espírito Allan Kardec.
Prevalecia a divergência entre “místicos” e “científicos”.
XXIV
Em São Paulo, Batuíra fundara, em 1890, o maior núcleo espírita do País, com sede própria, e um órgão de divulgação, o Verdade e Luz, de grande tiragem. Deu seu apoio à Federação e tornou-se o representante dela em São Paulo.
XXV
Em maio de 1887, foi fundada em Porto Alegre (Rio Grande do Sul) a Sociedade Espírita Rio Grandense.
XXVI
Em fevereiro de 1890 surge em Maceió, Alagoas, o Centro Espírita das Alagoas.
XXVII
Em 1890, o Dr. Polidoro Olavo de São Thiago trouxe à Federação Espírita Brasileira uma iniciativa feliz: a criação da Assistência aos Necessitados, em moldes espíritas.
E o Dr. Pinheiro Guedes, em 1890, incorporou à pequena biblioteca da FEB um acervo importantíssimo de livros sobre todos os ramos do conhecimento.
XXVIII
Proclamada a República em 1889, em 1890 surge o novo Código Penal, no qual o Espiritismo era enquadrado como transgressão à lei, em alguns de seus dispositivos dúbios.
O fato serviu para que os espíritas de todas as tendências se unissem contra tais dispositivos, do que resultou a explicação do autor do Código, Dr. Antônio Batista Pereira, de que tais disposições não atingiam o Espiritismo filosófico, religioso, moral, educativo, mas o espiritismo criminoso, expressão infeliz então usada.
XXIX
Em compensação, o grande acontecimento que favoreceu o Espiritismo, como também a todas as religiões praticadas no Brasil, foi a Constituição Republicana, de 24 de fevereiro de 1891, que constituiu o Estado leigo, sem os liames que o ligavam à Igreja Católica Romana.
XXX
Já por essa época fundavam-se, por todos os Estados brasileiros, núcleos espíritas.
Em 1892 era fundada em Natal, Rio Grande do Norte, a Sociedade Natalense de Estudos Espíritas.
Em maio de 1893 surgiu, na Bahia Amor e Caridade.
Nesse mesmo ano funda-se em Cuiabá, Estado de Mato Grosso, a Sociedade Espírita Cristo e Caridade, com seu órgão A Verdade.
Em 1894 é criado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o Grupo Espírita Allan Kardec.
Em outubro de 1894 instala-se em Lavras, Estado de Minas Gerais, o Centro Espírita Luz e Caridade.
Em julho de 1897 instalou-se e, Cáceres, Mato Grosso, o Grupo Espírita Apóstolos de Cristo e da Verdade.
Nesse mesmo ano de 1897 é organizada a Livraria da FEB, por abnegados espíritas.
XXXI
Bezerra de Menezes, aceitando a presidência da Federação Espírita Brasileira, é empossado em 3 de agosto de 1895.
Começa uma nova fase para a Instituição, cuja influência se estende por todo o território nacional.
Em 1897 são transferidos à Federação os direitos autorais, para a língua portuguesa, de todas as obras de Allan Kardec, fato de suma importância para a difusão da Doutrina Espírita no Brasil.
XXXII
Os inimigos e dissidentes internos do Movimento Espírita no Brasil sempre se firmaram no divisionismo, no personalismo, no despreparo e nas interpretações pessoais de determinados adeptos e nas vaidades individuais, em contraposição aos princípios doutrinários.
Desde os primórdios do Espiritismo esses fatores estiveram presentes no seio de seus movimentos, por toda parte. No Brasil não seria diferente.
Já os inimigos externos são conhecidos por suas atuações, desde meados do século XIX, no Brasil: a) o positivismo, de grande influência nos primórdios da República; b) o materialismo, opositor permanente; c) a classe clerical obscurantista.
XXXIII
Enquanto a Europa recebeu o Espiritismo nas suas expressões fenomênicas e experimentais, não excluindo a remuneração pelos trabalhos mediúnicos, o que desvirtua o caráter e a índole da Doutrina Espírita, no Brasil cultiva-se o Espiritismo em seus múltiplos aspectos, mas com ênfase nos seus aspectos morais-religiosos, com base no Evangelho de Jesus.
A expressão “Pátria do Evangelho”, usada pelo Espírito Humberto de Campos em seu livro, é a reafirmação desse fato.
Para combater a tendência desagregadora do Movimento, de parte de alguns adeptos, o grande remédio é a transformação interior do espírita, através da educação do pensamento pela Mensagem do Evangelho do Cristo.
A grande tarefa a ser realizada pelo Movimento, antes da reforma das instituições, é a regeneração moral do espírita, para que suas instituições reflitam seu progresso individual e coletivo.
XXXIV
Desaparecendo Bezerra de Menezes do cenário dos encarnados, em 11 de abril de 1900, após quatro anos e meio de intenso trabalho de persuasão, de paciência e de exemplificação, deixava consolidada a Federação Espírita Brasileira, com a orientação doutrinária que as administrações posteriores seguiriam.
Ficaram superadas as divergências internas, o academicismo, para cuidar-se do estudo sério da Doutrina e do Evangelho, com o fortalecimento dos sentimentos de solidariedade e de fraternidade.
Findara o século, desencarnara o ínclito timoneiro, mas as bases da grande obra da união entre os espíritas ficaram delineadas.
É certo que um dos objetivos de Bezerra e de seus seguidores – a unificação de todas as entidades espírita em torno de uma instituição representativa dos ideais de fraternidade entre os espíritas – não pudera concretizar-se.
A união pela harmonia e coesão preconizada por Allan Kardec nas célebres mensagens de 1889 só seria conseguida quase meio século depois, em 1949.
XXXV
O sucessor de Bezerra de Menezes na presidência da FEB, um jovem de 30 anos, Leopoldo Cirne, seguiu o roteiro de seu antecessor, reajustando pormenores impostos pelas circunstâncias.
Em 1901, procedeu-se à revisão dos Estatutos, com inovações de alto interesse para o Movimento Espírita, destacando-se a filiação das instituições espíritas de todo o Brasil aos quadros da Federação Espírita Brasileira, com vistas à unificação, sob a forma federativa, plenamente aprovada na prática.
Multiplicaram-se desde então os atos de adesão, sem prejuízo da autonomia administrativa e patrimonial das entidades adesas – Centros, Grupos, Uniões, Federações – de todo o vasto território do País continental.
XXXVI
A 3 de outubro de 1904, a FEB organizou um intenso programa de três dias, comemorativo do centenário de nascimento de Allan Kardec.
O convite dirigido a todas as entidades espíritas do País foi bem recebido.
Reuniram-se na então Capital da República os representantes de Centros e Sociedades Espíritas do Amazonas, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, além das Casas Espíritas da Capital Federal.
O ponto mais importante desse Congresso foi o congraçamento geral e a aprovação das “Bases de Organização Espírita”, documento que passou a orientar a marcha do Movimento Espírita de nosso País, até nossos dias.
O desenvolvimento do Movimento, sua expansão com a criação de inúmeras Instituições Espíritas, tornou-se notório, desde então.
As “Bases” preconizaram a criação de uma Instituição na Capital de cada Estado brasileiro, a qual ficaria incumbida de filiar os Centros e Associações estaduais, formando assim, com a FEB, uma rede de entidades fortalecidas na solidariedade e na fraternidade, sob a inspiração e a égide da Doutrina Espírita.
As obras de Allan Kardec, em edições especiais e populares, foram publicadas pela FEB nesse mesmo ano de 1904.
XXXVII
No período de 1905 a 1930, continuou expandindo-se o Movimento Espírita, por todo o Brasil, com a criação de Grupos, Centros e Federações nos Estados, além de periódicos espíritas, para a divulgação da Doutrina.
Queremos destacar, nesse período, dois fatos importantes, dentre os inúmeros acontecimentos ocorridos:
O primeiro foi a mensagem, de alta significação, recebida em 9 de março de 1920, do Espírito de Verdade, que se manifestou através do Anjo Ismael, pelo médium Albino Teixeira, então secretário da FEB.
Nela está prevista a missão do Brasil, antecedendo as páginas proféticas do Espírito Humberto de Campos em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, como se pode observar no pequeno trecho abaixo transcrito:
“A Árvore do Evangelho, plantada há dois mil anos na Palestina, eu a transplantei para o rincão de Santa Cruz, onde o meu olhar se fixa, nutrindo o meu espírito a esperança de que breve ela florescerá estendendo a sua fronde por toda a parte e dando frutos sazonados de amor  perdão.”
(Grifos nossos.)
O segundo fato foi a convocação de uma “Constituinte do Espiritismo” para se reunir no Rio de Janeiro, idéia escrúxula pelo seu próprio conteúdo, que não vingou. Mas do encontro resultou a criação da Liga Espírita do Brasil, que se propôs a filiar Centros Espíritas em âmbito nacional, em trabalho semelhante e concorrente ao da FEB, dividindo o Movimento.
A Liga Espírita do Brasil subsistiu por mais de duas décadas, transformando-se em entidade estadual com o “Pacto Áureo”, em 1949.
XXXVIII
Era chegado o tempo de ampliar a divulgação da Doutrina Espírita pelo livro e pela imprensa.
Impunham-se novas traduções das obras da Codificação e de clássicos do Espiritismo.
A essa tarefa gigantesca dedicaram-se espíritas de escol, dentre os quais destacamos a figura de Guillon Ribeiro, o grande presidente da FEB no período de 1930 a 1943.
Suas traduções primorosas das obras de Allan Kardec continuam sendo as melhores na língua vernácula.
Inúmeras outras obras clássicas da Doutrina foram traduzidas para o português.
Ao mesmo tempo, a FEB cogitava da montagem de uma oficina gráfica própria para a edição das obras espíritas, o que conseguiria, por etapas, a partir de 1939.
XXXIX
A partir de 1930 o Movimento Espírita Brasileiro, que desde os fins do século XIX contou com médiuns notáveis, como Frederico Júnior, João Gonçalves do Nascimento, Bittencourt Sampaio, Zilda Gama, Albino Teixeira, e muitos outros, vê surgir o mais notável medianeiro do século XX: Francisco Cândido Xavier.
Sua primeira obra psicografada, lançada pela FEB em 1932 – “Parnaso de Além-Túmulo” – causou verdadeiro impacto nos meios culturais brasileiros. Essa obra de poetas brasileiros. Essa obra de poetas brasileiros e portugueses desencarnados, sui generis, confundiu os céticos e agraciou os adeptos e simpatizantes do Espiritismo.
O moço humilde de Pedro Leopoldo começava sua missão de médium espírita e de homem, que se prolongaria até nossos dias, contribuindo de forma extraordinária para que a Doutrina Espírita e o Evangelho de Jesus fossem divulgados de forma correta, persistente, admirável.
Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos e uma plêiade de Espíritos de escol lançaram-se a um trabalho de longo curso junto aos homens, de esclarecimentos e de fraternidade através do livro espírita.
XL
Em julho de 1944, a viúva de Humberto de Campos, D. Catarina Vergolino de Campos, ingressou em juízo com uma ação declatória contra a Federação Espírita Brasileira e o médium F. C. Xavier, visando a obter, por sentença judicial, a declaração de que a obra literária do Espírito Humberto de Campos era ou não brilhante escritor. O interesse era, no fundo, utilitarista, tendo em vista os direitos autorais.
A decisão judicial foi justa, precisa, e estabeleceu uma diretriz segura para a questão da psicografia, declarando a autora carecedora da ação, com ganho de causa para a Federação e o médium.
XLI
Autores espirituais como Emmanuel e André Luiz têm importância muito grande no desdobramento da Codificação Espírita, pelo fato de suas obras esclarecerem e complementarem as obras básicas da Doutrina Espírita, sem prejuízo ou contraposição dos princípios fundamentais da Terceira Revelação.
Sínteses históricas da Terra e do Brasil, ensaios sociológicos, romances históricos, comentários evangélicos à luz do Espiritismo e, a partir de 1943, toda a série de André Luiz, iniciada com “Nosso Lar”, enriqueceram extraordinariamente a literatura espírita no Brasil, que se vai expandindo para além-fronteiras em inúmeras traduções para diversas línguas.
XLII
Fato que não poderíamos deixar de mencionar nesta pequena resenha é o da instalação, em 1948, do Departamento Editorial da FE$B.
Já que a Espiritualidade realizava sua parte, fazendo chegar aos homens as lições mais belas, claras e úteis através de livros de grande importância para o esclarecimento e edificação da Humanidade, era necessário que alguém cuidasse da parte que competia aos encarnados.
O Presidente Wantuil de Freitas cuidou de dotar a FEB de uma editora à altura das necessidades.
Posteriormente, outras editoras seguiram o exemplo, ampliando-se enormemente a capacidade de editoração de livros, revistas e jornais no Movimento Espírita nacional.
XLIII
Não obstante o lado positivo do Movimento em constante expansão, o divisionismo no seu seio continuava, alimentado pelo personalismo, pelas vaidades e pelas interpretações infelizes da Doutrina.
Mas muitos espíritas estavam atentos à necessidade da união fraterna e da unificação do Movimento.
Surge então a oportunidade do entendimento entre correntes diversas, representadas por espíritas conscientes de seus deveres perante a Doutrina.
A ocasião para esse entendimento ocorreu no mês de outubro de 1949, por ocasião da realização de um Congresso da Confederação Espírita Pan-Americana.
Após tentativas de aproximação dos responsáveis por diversos segmentos do Movimento Espírita de diversos Estados brasileiros, encontram-se todos na sede da Federação Espírita Brasileira no Rio de Janeiro, no dia 5 de outubro de 1949.
Esse encontro, que ficou que ficou conhecido como a Grande Conferência Espírita do Rio de Janeiro, posteriormente denominado “Pacto Áureo”, pelos seus resultados e importância, é um marco decisivo na história do Espiritismo no Brasil, pelas suas conseqüências, pelas suas disposições e sobretudo pelo induzimento à concórdia, à fraternidade, ao trabalho útil, à tolerância, à solidariedade entre os cultores de uma Doutrina Superior, que precisa ser entendida em sua verdadeira índole e finalidade e que induz os homens aos sentimentos do Amor e da Justiça.
XLIV
Entendemos que os primórdios do Movimento Espírita no Brasil poderiam ser situados nos primeiros anos do Espiritismo em nossa Pátria, nos meados do século XIX.
Mas poderiam ser entendidos também em face de determinados acontecimentos marcantes.
Preferimos esta última hipótese, escolhendo o “Pacto Áureo” como o fato inconfundível que divide duas fases do Movimento.

Revista Reformador - Nº 2053 - Abril de 2000
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