Para Voltaire, a
Amizade é Inseparável da
Sabedoria
Às vezes
a palavra “amizade” é usada de modo tão vago que não sabemos o que ela significa
de fato para esta ou aquela
pessoa.
O filósofo iluminista francês
François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, escreveu o
seguinte:
“Amizade é um contrato tácito
entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. Sensíveis, porque um monge, um
solitário, pode não ser ruim e viver sem conhecer a amizade. Virtuosas, porque
os maus não buscam mais que cúmplices. Os sensuais buscam companheiros de
devassidão. Os interesseiros reúnem sócios. Os políticos congregam partidários.
O comum dos homens ociosos mantêm relações. Os príncipes têm cortesãos. Só os
virtuosos possuem amigos.”
[1]
Assim, na realidade, amigo não é
cúmplice e não é
comparsa.
Quem engana os outros deve
procurar ser um pouco mais inteligente e fazer um auto-exame honesto para ver-se
livre deste problema, porque está, seguramente, enganando sobretudo a si mesmo.
Pretender ser mais esperto que os outros é prova de uma deficiência mental
profunda, mal disfarçada pela astúcia de curto prazo. A mentira, ainda que
supostamente “bem intencionada”, faz o mentiroso perder a noção de
realidade.
A base inevitável da sinceridade é
o autoconhecimento. Só se pode ser amigo dos outros sendo, antes, amigo de si
mesmo e do seu próprio eu superior. Em sua origem, a palavra “filosofia”
significa “amor à sabedoria”, e Voltaire
acrescenta:
“O filósofo é um amigo da
sabedoria, ou seja, da verdade. Esse duplo caráter esteve presente em todos os
filósofos. Não houve nenhum na Antigüidade que não desse exemplo de virtude aos
homens e lições de verdades
morais.”[2]
Não é por acaso que o lema do
movimento teosófico afirma: “não há religião mais elevada que a
verdade”.
A amizade é um privilégio
exclusivo dos que dizem a verdade tal como a percebem. Para a prática da
fraternidade universal - grande meta da evolução humana - cada um deve
reaprender a ser sincero com todos os
outros.
NOTAS:
[1] “Dicionário
Filosófico”, Voltaire, Ed.Martin Claret, p.
23.
[2] “Dicionário
Filosófico”, p.
232.Por: Carlos Cardoso Aveline
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